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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

voltando

faz tempo, muita coisa mudou.

terça feira estava aninhada nos braços de um amor livre, do qual não sei como será o amanhã, nem mesmo o hoje. ele tem me feito feliz, gosto dos seus beijos, do jeito como conduz o meu corpo, do jeito como fala em metáforas e como as mesmas me abrem um sorriso bobo.
ele é mais velho, 15 anos a mais e uma experiência imensuravelmente maior que a minha. de certo modo me intimida, me sinto um pouco ignorante perante ele, a quem eu tanto admiro -  mas eu me sinto em casa, mesmo quando os corpos não estão entrelaçados e isso me dá muito, muito medo. me conheço, já fui fundo, deixei que tocasse de leve a minha alma, e agora sei que vou ter uma urgência sofrível, tento racionalizar mas  minha alma como sempre nunca cabe em mim e já está sofrendo, sofrendo por não saber se vai continuar tendo essa casa, esses beijos e esse entrelaçar surreal.

ele percebeu que eu estava triste, como sempre neguei. não consigo ser honesta comigo, tento realmente acreditar que tudo está bem, quando na verdade eu não passo de uma "menina" de 22 anos, completamente perdida e ainda tentando processar os efeitos que a morte da minha mãe estão tendo sobre meu corpo, mente e alma. o câncer a levou a dois meses atrás, num feriado, no banho eu olhando em seus olhos, esses já sem vida nenhuma. a vida já tinha se esvaido à dias, junto com a sua força pra andar, falar e pensar. não me reconhecia mais, tudo isso em 18 torturantes dias, 18 dias que me deixaram em pânico, 18 dias que passaram mas continuam aqui de certo modo.

a verdade é que me sinto genuinamente sozinha, genuinamente perdida, genuinamente confusa. sem rumo.

uso as minhas superficiais loucuras para me sentir forte, tenho bebido como nunca, faço piadas de mal gosto, brinco com a morte. faço tudo que irritava a minha mãe esperando inconscientemente ouvir seus intermináveis sermões de como eu fazia tudo errado, como não tinha valores e que eu era uma incorrigível manipuladora. sempre fui presa, fui condicionada por ela por 22 anos e agora eu tenho toda a desejada liberdade ela acaba me assustando. é muito difícil ser realmente dona de sua vida, ser sozinha e ter coração e mente bagunçados e tão passionais.

ele me aconselhou a escrever os tantos pensamentos incompletos que me tiram o sossego, vou tentar, vou voltando.


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